4 de setembro de 2008

Respostas

O mundo em que vivemos atingiu um patamar social e econômico desesperador. Cada vez mais afundamos em um buraco que a humanidade vem cavando a milênios. Cavamos em busca do ouro e de metais, cavamos em busca do petróleo, limpamos terreno e plantamos. Claro que tudo isso não foi pura ganância, lutamos por sobrevivência, por energia barata e eficiente, por alimentos suficientes para alimentar a população mundial.
Não é bem assim que vejo as coisas. O ouro é de poucos. O mundo continua com fome. A terra (e tudo o que nela há) tem sido monopolizada. E tudo isso têm deixado efeitos colaterais que afetam cada vez menos a minoria monopolizadora.
Efeito estufa. O degelo dos pólos. A elevação do nível do mar. A desertificação de grandes áreas. Quem sofre com tudo isso somos nós, pobres mortais, que nem ouro temos, e muitas vezes nem o alimento necessário para nossa sobrevivência.
O homem vem a cada dia “evoluindo”. Expandimos horizontes, enxergarmos mais longe. Buscando respostas para todos esses problemas criados por eles mesmos. E com isso novas tecnologias e técnicas têm aparecido por aí. Soluções muitas vezes caríssimas para problemas cada vez mais comuns e visíveis. Já que é a grande massa desfavorecida que paga o pato, imagino que as soluções deveriam ser acessíveis e disponibilizadas para ela.

Encontrei na internet ontem dois exemplos para a falta de interesse em resolver esses problemas favorecendo a grande massa.


Arcas de Noé

O arquiteto belga Vincent Callebaut , pensando nas cidades litorâneas que provavelmente desaparecerão com a elevação do nível do mar, idealizou uma cidade flutuante. Com capacidade para 500 mil habitantes, seria totalmente ecológica e sustentável. Com turbinas de energia eólica, placas solares, processo de dessanilização da água do mar e armazenamento de água da chuva. Imensos complexos que poderiam levar tudo o que o ser humano precisa pra viver. E não somente humanos, mas toda uma biodiversidade impressionante. Criaríamos mundos que bóiam, sem necessidade de contato com a terra. Seriam cidades a deriva. Será que com todo o potencial que o planeta oferece hoje não seriamos capazes de alojar a população expulsa pelo avanço do mar? E quem seriam esses 500 mil? Será que no caso do Rio de Janeiro, por exemplo, disponibilizariam um bloco para a favela da Rocinha?




Opressão Egípcia


Os arquitetos de Dubai almejam construir um complexo em forma de pirâmide com base de 2,5 quilômetros e altura total de 1,2 quilômetros. Seria uma cidade vertical com capacidade para 1 milhão de pessoas, ocupando 10% da área normalmente ocupada por uma população desse tamanho. Geraria sua própria energia através de energia solar e eólica. Teria um sistema de elevadores e trilhos que ligariam todos os prédios do complexo. Além de um sistema de segurança que determinaria em que área cada pessoa poderia transitar. Uma gigantesca e monumental construção realmente digna de um faraó. No antigo Egito, só os faraós e suas riquezas eram dignos de permanecer nas grandes pirâmides. Os escravos hebreus eram os responsáveis por todo o esforço de erguer as tão monumentais catacumbas. Quem seriam os tão grandiosos faraós do nosso milênio capazes de bancar tão audacioso projeto? Os responsáveis pela limpeza e cozinha de tal lugar seriam dignos de ter um aposento nessa “pirâmide high tech”? Claro que sim! Para que estivessem vinte e quatro horas disponíveis para o trabalho.

Com que visão tem se desenvolvido novas tecnologias? O homem precisa pensar mais no próximo. O vizinho, o menino de rua, os que passam fome, os que não tem onde morar ou simplesmente em nós mesmos, gente simples, em busca de respostas simples.
Não pretendo me formar engenheiro para construir a oitava maravilha do mundo moderno ou projetar ilusões fabulosas. Quero construir casas. Quero projetar um futuro. Quero poder encontrar soluções cabíveis para problemas visíveis. Quero poder responder.

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