31 de maio de 2012

CAPÍTULO 7 - SERÁ MESMO UM SONHO?

Queria manter meus olhos fechados. Mas a luz do sol transpassava minhas pálpebras de forma a não me deixar enxergar o negro vazio que estava em minha mente. Um róseo amarelado me forçou a abrir os olhos. Minhas pupilas já acostumadas com a claridade ao redor não mudaram de tamanho e pude ver nitidamente o que estava a minha frente, e o que via não podia ser verdade. Um imenso horizonte. Um vale tão profundo que só terminava no forte brilho do sol que despontava ao longe. Tinha que estar flutuando. Voando a metros de altura para ter aquela vista. Mas sentia meus pés muito firmes no chão. Então realmente olhei para baixo, para meus pés. Não estava flutuando. Realmente estava em pé. Em pé na beira de um precipício muito ingrime e traiçoeiro. Fiquei alguns segundos sem conseguir respirar até que consegui dar dois passos para trás. Depois dei mais dois passos, e mais três. Só depois consegui novamente olhar ao horizonte.
Com um arrepio no pescoço senti um vento curto, quente e úmido na nuca. Virei-me muito lentamente. Mas foi rápido o suficiente para não distinguir a face de quem estava agora na minha frente. Tão próximo que só consegui ver os olhos amendoados tão certos de si que me tranquilizaram. Parecia uma miragem. Então estendi minha mão na direção daquele olhar. E elas tocaram em algo sólido. Realmente havia alguém, uma mulher na minha frente. Sentia entre os dedos os fios de seus cabelos. Grossos e fortes, mas de um liso e maciez inigualáveis. 
Ela piscou, e sues cílios roçaram nos meus, no mesmo tempo que uma nova respiração dela entrou em minha boca entreaberta de espanto. Foi quando nossos lábios se tocaram pela primeira vez.
O beijo durou alguns segundos. Meus olhos permaneciam abertos. Agora de costa para o sol no horizonte. Seus olhos permaneceram intactos. Busquei um novo beijo. E dessa vez meus olhos se fecharam. E minha mão deslizou pelo seu cabelo, passando pelo seu colo e encontrando seus seios não muito fartos encobertos por um leve tecido. Elas continuaram a descer. Deram uma pausa em seu quadril, quando deslizou suavemente, até metade do caminho até sua bunda, quando por um segundo, ela separou seus lábios dos meus. Eu não queria que isso acontecesse. Voltei a buscar seus lábios e os encontrei ainda bem perto. minhas mãos desceram mais até encontrar na altura das coxas sua pele, agora não mais encoberta pelo tecido fino. Não sei descrever se estávamos em movimentos giratórios em volta daquele beijo ou se o mundo girava em torno do sol no horizonte com tal velocidade que uma variação de luz e escuridão percorria minhas pálpebras ainda fechadas. 
Então senti sua mão subindo, em leves toques no meu corpo, até que encontrou meu peito, e com uma leve força o empurrou. Seus lábios separaram dos meus rápido. E o leve empurrão tornou-se alguns passos para trás, afastando-a de mim. Novamente a luz penetrou minhas pálpebras. Abri os olhos e a vi dando largos passos e tropeços, em direção ao precipício. Ela andava de costas para o precipício com os olhos fixos em mim. Minhas mãos se fecharam na barra do que ela vestia, mas o fino tecido se rompeu, deixando-a nua. Elas subiram tentando encontrar algo que pudesse segurar e a impedir de ir em direção ao abismo, mas nem os fortes fios de cabelo que as mãos haviam sentido podiam ser vistas pelos olhos que só enxergavam uma linda mulher, sem pelos, sem roupas, sem medo dar seu ultimo passo. mas seus pés não encontraram mais terra firme. E sem vacilar, todo seu corpo se lançou abaixo. Meus olhos agora voltaram a contemplar o profundo vale que terminava apenas onde o luz do sol nascente o consumia. a visão começos a ficar turva e molhada. novamente meus olhos se fecharam, procurando a escuridão de minha mente. E quase que por milagre ele encontra a escuridão. Incrédulo da possibilidade daquele imenso sol ter se apagado meus olhos se abrem para procurar ver a verdade diante de mim. 
Por alguns segundos, mesmo abertos, só conseguia ver a escuridão. Ainda podia sentir o leve tecido em minha mão. Tentei levantar a mão para me certificar que realmente estava segurando o tecido. O movimento da mão pode ser sentido nos pés, com o deslizar suave de um tecido que o descobriu. Um vento frio passou por ele. e então, muito além das pálpebras, minha mente se abriu. Num impulso minha cabeça se levantou, minhas mãos se apoiaram no colchão, o relógio da parede em frente a cama ainda marcava pouco mais que três da madrugada.
_ Talvez não seja tarde! - Foi o que eu disse sem pensar.
Tirei o lençol de cima do corpo. Levantei-me, vestindo apenas cueca, fui até a geladeira e bebi um pouco de água no bico da garrafa. Deitei no sofá e terminei minha noite de sono ali mesmo.

12 de abril de 2012

Replay

Estou cansado! Talvez seja o termo que mais uso durante a semana. Todo dia, todo fim de semana. Sempre que me perguntam como eu estou é assim que respondo. Estou cansado. E é verdade, não tô de brincadeira ou fazendo drama. Mas sabe, me cansei disso também.
Sempre reclamo das coisas que podiam estar melhor. Quero e sei como fazer as coisas mudarem para que o meu cansaço produza frutos de alegria e prazer. Mas não me movo para regar essa ideia. Do que reclamo então?
O tanto reclamar torneou-se enfado e rotina a ponto de nem me lembrar mais dos motivos do cansaço, a não pelas dores que meu corpo geme.
Meus amigos nem se incomodam mais com o fato de eu estar assim. Já faz parte de quem eu sou.
Mas esse não é quem eu quero ser.
Espero que a ultima lágrima que rolar seja a primeira a regar o coração com a esperança de que daqui pra frente, tudo vai ser diferente.

28 de março de 2012

Primeira Fiada

Desde pequeno gostava de construir coisas. Só conhecia a lei da gravidade por causa dos tombos que levava ao tentar das os primeiros passos, mas já equilibrava lata sobre lata na tentativa de fazer uma pilha bem alta. Nunca foi novidade quando comecei a afirmar que gostaria de ser arquiteto.
É, sou engenheiro civil. Isso porque com o tempo descobri que o arquiteto define os espaços e ambientes, dimensões e formas. Mas o engenheiro é quem "empilha" as coisas pra fazer as obras realmente saírem do chão. Uma pena que a maioria dos arquitetos não acompanhem com afinco essa evolução que, pra mim, traz um sentimento muito bom.
Desde que me formei já fiz alguns projetos, acompanhei algumas obras, mas todas tinham sido iniciadas ou projetadas com a ajuda e supervisão de um engenheiro mais experiente. Semana passada pude auxiliar a marcação da primeira fiada de alvenaria estrutural dos prédios que fiz o projeto estrutural desde o início, além de toda a locação e definições complementares que o projeto condominial exigiu. Também estive sobre a supervisão de outro engenheiro da empresa. Mas esse projeto e essa obra é minha. Concebida e executada sob meus cuidados. Conheço cada detalhe, cada curva. A posição de cada bloco. E não só conheço como também vou acompanhar a colocação de cada um no seu devido lugar.
É claro que nem tudo é assim tão perfeito como os bons sentimentos nos fazem enxergar.  Mas continuam sendo bons sentimentos.
Depois dessa primeira fiadas, algumas outras já foram executadas. E tantas outras virão. Mas espero estar lá, vendo uma a uma ser executada, acompanhando o nascimento da minha primeira obra.

24 de setembro de 2011

DESPERTAR

Que diferença faz abrir os olhos ao acordar?
Sempre coloco o celular pra despertar no mínimo meia hora antes do horário que preciso levantar. Na verdade programo ele de meia em meia hora! O primeiro eu nem lembro de acordar pra desligar. O segundo despertar eu me lembro  de pegar o celular e desligar, mas mal abro os olhos, e continuo debaixo da coberta. Esse é o melhor momento para sonhar. Você não está acordado, nem dormindo! Ter consciência do que se passa no mundo ao seu redor, mas ainda está imerso no mundo dos que dormem. Os passos dos que já despertaram, os liquidificadores preparam algo para se beber, os carros que passam levando aqueles que precisam estudar, trabalhar, procurar trabalho. O calor das cobertas, o escuro dos olhos fechados, o frescor das brisas matutinas que infiltram nas frestas da coberta nos fazendo virar na cama, a mente totalmente imersa e tranquila nas lembranças e sentimentos  que foram registrados em nossas terminações neurais. Tudo isso por apenas meia hora. O terceiro toque do celular é uma tortura. Ele nos obriga a lembrar que essa mistura de sonhos e realidades não é a sua verdadeira vida. 

Viver num sonho nem sempre é bom! Viver sem sonhos é ainda pior!

"Talvez estivesse dormindo! Talvez o corpo esteja na realidade dos acordados e a mente na realidade dos sonhos. O calor das cobertas teria o mantido escravo de uma vida sem passos para o um futuro de realizações. Praticamente um ano sem pensamentos concretos." Não precisa pensar nada parecido de mim. Estou acordado. Meus olhos estão abertos. Tive sim meus momentos de sonhos. Apesar de desejar muito continuar na cama faz muito tempo que despertei. Talvez mais rápido do que gostaria. Totalmente lúcido e ciente do que se passa ao meu redor. Não só ciente mas atuante. A ponto de desejar compartilhar com vocês meus pensamentos loucos!

Para os poucos que liam, pretendo sim continuar a história de João Félix. Além disso descrever as coisas que vejo, leio ou assisto. E abrir o caldeirão de idéias que a um ano está fervendo em menha mente. 
Então boa leitura! E nos vemos por aqui.