31 de julho de 2009

ASSASSINATO

O que dizer em momentos assim? Aconteceu! Estava lá. Quieto na minha, pensando no nada, curtindo a música. Aí, completamente bêbado de ouvir o soar dos violinos, o inebriante ruído dos oboés, caí. O impacto da face ao solo me causou um desequilíbrio emocional. O clima fez-se frio e a música em silêncio. O eu tornou-se outro. E ao abrir o olho, lá estava eu, deitado no chão, ao lado de uma bela garota. Estranha, mas bela. Seus cabelos estavam sobre meus braços. Suas pernas cobertas por um tecido alvo e rubro. Manchado da mais pura verdade, a morte. O sangue agora escorria por baixo do pano e corria em minha direção. Meu coração esfriou-se tanto quanto o ar ao meu redor. O que havia eu feito àquela mulher? As pessoas ao redor olhavam aterrorizados, um grito ecoou em meus ouvidos, os violinos voltaram a ser ouvidos, num som mais suave e melancólico que antes. luzes vermelhas e azuis começaram a piscar na janela. Seria interrogado, não sabia o que responder, não sabia o que havia acontecido. Minha embriagues impedia-me de equilibrar minha mente em algo que pudesse fazer sentido. Mas porque ainda estava no chão? porque permanecia ao lado dela? A imagem começou a sumir da minha cabeça. A polícia entrou. Uma mão mexeu sobre o pano. Iria fugir? Iria ser preso? O pano suspendeu-se. E meus braços foram descobertos. Ela levantou-se. Compreendia menos ainda o que via. Percebi uma faca ao meu lado. Meus punhos eram a fonte de tão abundante sangue. Meus olhos se fecharam por completo, o som dos violinos voltaram a esvaecer. Meu ser deixou de ser terreno. Não mais sou. Morto estou.

28 de julho de 2009

UM DIA AMOR

Um dia você irá abrir esse blog, e ao invés das velhas lágrimas e reclamações você encontrará um texto parecido com o que escrevo agora imaginando o que escreverei no dia em que isso ocorrer:
O dia chegou. O dia que nem em meus mais alegres sonhos (que aliás são poucos) aconteceu. O braço não mais permanece aberto sem o abraço para o preencher. O lábio não mais fala de coisas que estão cheias o coração, se cala ante a face daquela que corresponde com o olhar de espanto e esperança. A mão não mais acena o que passa do outro lado da rua, agora segura firme a outra mão que procura o toque de quem ama. E eu amo. Amo, inclusive, tudo isso. Esse clima ridículo de contos de fada, de felizes para sempre, apesar de saber que isso não existe. A sensação de borboletas no estômago, apesar de ter comido um cachorro quente, não borboletas. Essa cara de panaca olhando-se no espelho, procurando os defeitos antes que ela os ache! E tudo isso é muito bom! Poder ter medo, medo de perder algo que nem posso afirmar ser meu!
A figura imóvel em minha frente permanece lá! Não é uma ilusão, nem uma sombra. É a tão esperada garota, menina mulher, alma gêmea, a metade da minha laranja. Amor, amor! O maior dos sentimentos. Maior do que eu posso sentir, maior que o coração. Maior que sonhos mais alegres (que aliás são poucos), sonhos que se multiplicarão, pelo simples fato de ela estar neles agora, e estarão pra sempre.

24 de julho de 2009

ABRAÇO NEGADO

Estava eu de braços abertos.
Disposto a dar e receber,
Disposto a dedicar-me.
Errar e acertar.
Queria um algo a mais,
Queria dizer um oi.
Um seja bem vinda!
Um te ...
Mas diante dessa cena lamentável
De perspectiva dúbia
Ao invés de responder ao abraço
Ela estendeu a mão.
Um simples aperto,
E nem tão apertado assim.
Era um adeus.
Queria um oi, mas foi um adeus.
Precisava ao menos de desilusão.
Mas nenhuma dúvida pairou no ar.
Era uma despedida.
Não, simplesmente não.
O abraço ficou no ar,
O oi ecoou no infinito do pensar.
Pra que pensar?
Pra que questionar?

Ela abraçou um outro alguém.
Seguiu seu caminho.
Agora sozinho, com os braços ainda estendidos
Sinto o vento à proa dos sonhos.

20 de julho de 2009

AMIGO

Amigo é coisa pra se guardar...
Dizia o poeta em uma música que na América se ouviu!
Mas acho que podemos pensar o contrário.
Amigo é coisa pra se guardar
Quando não pode estar perto
E guardar não satisfaz.
Amigo é coisa de se ter
Ter e usar
Use e abuse dos seus amigos.
Use sem moderação!
Se não tiver como usar seus amigo
Infelizmente te digo: isso não é amizade!
Amigo é durável
Resistente, impregnante,
é visível, é palpável
é chato, mas ouvível!
Amigos amigos, negócios a parte!
Negócios que valem muito
Ter alguém do seu lado é fácil
Ter pessoas perto é fácil
Ter alguém que goste de você é possível.
Ter um amigo de verdade, não tem preço!
Mas o preço que se paga pra manter uma amizade é caro!
Preço que estou disposto a pagar.
Amigos, amos vocês!

16 de julho de 2009

DESAPONTAR E SER DESAPONTADO


Ser o homem inteligente, simpático, interessante, bonito. Ser o filho educado, obediente. Ser o estudante nota 10, interessado. O cristão correto, fiel. Esses e tantos outros atributos que fariam de alguém o cara perfeito. Impossível de ocorrer! Ser perfeito. E apesar dessa certeza muitas vezes buscamos ser assim. Eu confesso que busco ser perfeito. O problema é tentar ser perfeito para os outros e não ser quem você gostaria de ser. Isso gera um desapontamento. Não conseguir ser o que os outros querem nos deixa desapontado e desaponta os outros, sem motivo aparente, afinal, o esforço pra buscar a perfeição foi feito.
Chega disso. É hora de desapontar. E fazê-lo pra valer. Nada mais de sofrer para agradar aos outros. Nada mais de desapontar sem querer. A ideia é desapontar por querer. Isso parece egoísta ou malvado. Mas passo a pensar que não. Não pense também que vou maquinar não fazer nada que me pedem, ou ser desleixado com os relacionamentos. Não farei isso por maldade, mas por necessidade. É preciso tomar uma decisão, tomar um rumo, seguir um caminha, adotar um alvo, e tantas outras figuras de linguagem quantas forem necessário.
Deu pra entender? O caso é, vou passar a fazer o que posso e que quero. Sendo eu mesmo e tentando me desapontar menos. Consequentemente passarei a desapontar as pessoas que não concordam com minha opinião ou minha atitudes.
Então, a partir de agora é desapontar mais. Logo, não se sinta tão desapontado assim comigo, farei o que posso e deixarei de tentar o impossível.