28 de dezembro de 2009

CONTAGEM REGRESSIVA

Gotas caem. Parecem poucas, porém muito me molham. Me encharcam. Me deixam pensativos. 30 vezes me peguei olhando pela janela. Lá fora mais água do que aqui dentro. Mais luz. Mais vida. 24 anos. 23 vidas diferentes. Alguém aparece na janela. Mais molhada que a chuva, escorre o desejo de me ver. Vim te ver, foi o que disse. Vim perder, perder o medo. Perda de tempo. 18 horas. 15 minutos parada a me observar. A maquilagem escorre escura a face branca e pálida que procura a sorte. A morte em seus olhos. O amor em suas mãos. Abro o portão. Abro minha mão para receber o amor que agora firme está entre os dedos molhados. Entre os dentes o orvalho. Entre as pessoas o abraço. Entre mim e você. Permaneço 12 horas do meu dia a procurar. 12 horas a me frustrar. O que procuro não encontrarei debaixo do meu teto. Os dedos se abrem para pegar uma toalha que em seguida é passada pelo rosto. Deixam marcas no alvo algodão. Deixam marcas no chão. Deixam pra lá. Apenas deixam. 9 linhas foram escritas. 7 palavras apenas. Eu procuro sempre estar te amando mais. Era isso. Era visto que o amor escrito e entregue, mesmo que molhado, mesmo que borrado, mesmo que falso, era amor. Trazia a dor. Escorria o ardor da paixão. Percorria o chão, com os pingos que marcavam a trajetória da sua caminhada. Foram só 5 passos. 3 abraços. 2 pessoas. O tempo para, mas as horas não. Parece que o minuto é eterno, mas na verdade o ano acaba. Este termina e mais 1 começa. Mas o amor escrito, escondido permanece nos corações molhados pelas gotas da paixão.

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