8 de setembro de 2009

TODOS OS DIA PARECEM DOMINGO

O sol nasce. O despertador não toca, as cortinas não abrem. Preguiça. O corpo, outrora encolhido sobre os lençóis, esticado busca acordar. Os olhos não abrem, mas os pés já andam. O caminho é conhecido. Essa manhã nenhum carro, bicicleta ou semáforo atrapalhará sua caminhada até onde preciso estar. Só preciso ir ao banheiro, sem pressa, fazer xixi sem levantar a tampa. O que é que tem? Ela ainda não se levantou. O que teremos pra café? Esquenta o pão de ontem, a cafeteira faz o resto: café, leite e torrada com geleia. Roubo uma flor no jardim do vizinho quando saio pra pegar o jornal de domingo. Levo na cama pra ela. A cara amassada, o cabelo totalmente disforme. Quem é ela? Ah é! Casei-me! O vento mexe a cortina que deixa um raio de sol tocar seu rosto. Lembrei-me porque casei. Sua pele, mesmo amassada, é suave como pêssego. Seus olhos são incomodados pelo sol, então se vira na cama, e então os abre. São de um azul profundo, como o céu de um belo dia de passeio com a família. Sim, tenho filhos. Um garoto de oito e uma linda garotinha de quatro. Ele é uma graça, e ela tem os olhos da mãe. Sem muito relutar, eles levantam e tomam leite, comem torradas, e saímos pro parque. O sol continua a brilhar, parecendo que será um dia perfeito. O transito é tranquilo, nada daquela correria do dia a dia. A grama ainda está humida do orvalho da manhã! As crianças se afastam um pouco pra brincar. Ele empina uma pipa que nos fizemos faz algumas semanas. Ela logo faz amizade com outras garotinha que também levaram suas bonecas pro parque. Isso nos deixa a sós. Nós e uma brisa, que balança seus cabelos. Parece que a conheci ontem. O nervosismo do primeiro beijo parece renascer a cada sorriso dela. Isso instiga minha mente. Os beijos são cada vez mais doces. Os olhares não se deixam. Exceto de cinco em cinco minutos, quando olhamos ao redor até encontrar as crianças. Assim, os minutos passam sem serem percebidos. A brisa aumenta, tornando-se uma pequena ventania, que faz a pipa subir rápido e nossa garotinha buscar abrigo nos braços da mãe. Elas vão ajudar o pequeno a segurar a pipa. Eu, nem me movi. Fiquei apenas olhando a cena, enquanto o vento vinha de encontro a meu rosto. Já é tarde. Voltamos todos, o banho se torna uma ótima brincadeira. Saem todos molhados e sorrindo. Mas logo o cansaço bate, e o filme fica pela metade. Levo as crianças pra suas respectivas camas. Ela não vai no colo. Mas vai bem abraçada e amparada. Vou até a janela, a lua está linda. Sua luz ilumina o rosto, ainda não amassado, da mulher que transformou meus dias em domingos eternos. Fecho as cortinas, nada podem atrapalhar seu sono. Amanhã é domingo.

2 comentários:

Luh disse...

Maravilhoso!

Anônimo disse...

quem dera tivesse como fugir da desgastante vida senóide...