15 de janeiro de 2010

AUSÊNCIA DE LUZ

Não sei se pode me ouvir
E isso é ridículo, pois estou te escrevendo.
Todos os meus artifícios foram usados
Assim como você me usou.
Nosso passado é meu presente
E um abismo se abriu nele.
O sol parece brilhar lá fora,
Mas posso ouvir o ruído da chuva que logo cairá.
Posso sentir o vazio desse apartamento,
Posso procurar você entre os lençóis pela manhã
Mas não vou te achar. Não vou te sentir.
Não mais te amar, não mais sorrir.
Outras mulheres virão,
Outros dias ensolarados lá fora ocorrerão,
E com frequência.
Mas as cortinas de nossas janelas estarão fechadas
Não posso ver o brilho do sol aqui dentro
Sem que ele reflita o brilho dos seu olhos.
Não posso limpar as fronhas
Sem remover seu cheiro delas.
Não posso atender a porta
Sem interromper essa nossa conversa.
Espero que esteja me ouvindo atentamente.
Espero que seja você à porta.

Era o carteiro, nenhuma carta sua.
Nenhuma notícia.
Como o sol pode continuar brilhando como se nada tivesse acontecido?
Abri a cortina pra tentar encontrar a resposta.
Você estava parada em frente ao prédio
Segurando a mão de outra pessoa.

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