9 de novembro de 2009

NARRATIVA IMPESSOAL

A mente está vazia. A alma chora. O corpo esfria.
Da janela vê-se os pássaros em revoada. Buscam abrigo.
Uma negra e densa nuvem se aproxima.
O céu chora. O sol não vai se por essa tarde.
Seu brilho não será visto. Por mim muito menos.
As cortinas são fechadas.
Uma garotinha e arrastada para fora do quarto.
Em prantos é arrastada. Deixa gotas de lágrimas no chão.
Sua face é rosada. Seu olhar grande, mas fundo.
A porta se fecha. É esmurrada por alguns segundos.
Silêncio. Nada mais. Escuridão.
A cama não está vazia. Muito menos arrumada.
A nudez não é escondida. O corpo está a mostra.
Uma única pessoa vê a cena agora. Um único olhar.
Ouvi-se gritos novamente.
Pela fresta da cortina consigo imaginar o que acontece no quintal.
A garotinha saiu. Olha fixamente para a janela enquanto grita.
Uma primeira gota de chuva cai sobre ela.
Ela olha pra cima. A nuvem negra parece cobrir apenas sua casa.
A terra torna-se em lama. O vestido branco está russo e molhado.
A face antes rósea está pálida.
Suas forças acaba. Se joga no chão.
Dentro do quarto a nudez é coberta. A porta aberta.
Aquele que via não mais quer ver.
Sai pela porta da frente. A garotinha o olha furiosamente.
O silêncio retorna à casa, a garotinha volta ao quarto.
Está tudo revirado. As gavetas mexidas.
Jóias e cartão de crédito, foi tudo que levaram.

Nenhum comentário: