7 de junho de 2009

REDOMA


Protegido de tudo, um ser encontra-se dentro de uma redoma. O vidro o permite presenciar sem participar o que ocorre ao derredor. Sua beleza, sua bondade e perfeição são dignas de cuidados. É quase intocável. É complexo, mas frágil. Por isso a redoma. Permanecer belo, intocável, santo. Proteger-se, mesmo não vivendo. Dentro da redoma, a solidão consome. O inverno nunca chega. E o ar acaba. E o que era belo, intocável padece. De perfeito passa a nada. Perfeição. Beleza, vida. Conceitos voláteis. Protegidos por nada mais que você mesmo. A redoma deve ser quebrada. O vidro deve cortar o ser. Deformável. Tocável e frágil, tão simples. Ser. Viver. Permanecer vulnerável. Perfeitamente você. Imperfeito. Interactivo. Iterativo. Não há mais beleza na redoma. A beleza está na imperfeição. A rosa, murcha, morre. Isso é belo. Já não é. Beleza. Toque. Que leva a sentir, o frio do inverno que chegou. O vento no rosto. O oposto da redoma. Mas respirável. Não finito. Vidro quebrado. Não protege. Transforma, ensina, revela. Desprotegido de quase tudo, um ser encontra-se fora de uma redoma quebrada.

2 comentários:

Anônimo disse...

É triste ver a vida passar diante de seus olhos e você não aproveitar nenhum dos nuances dela...

É triste não se fazer nada a respeito.. =/

Lucas Resende disse...

Hunn...
...eu não entendi!